Destino turístico reúne o antigo e moderno em perfeita harmonia.
Por Inahiá Castro
Nesta edição, a Sorrisos Brasileiros estreia a editoria de Turismo, com dicas de viagens, passeios e roteiros que podem estar na programação das próximas férias de cirurgiões-dentistas, técnicos e auxiliares em Saúde Bucal, ou até mesmo para aquela esticadinha antes ou após um evento profissional internacional. O destino da vez é a Turquia, país transcontinental localizado entre a Europa e a Ásia, banhado pelo Mar Negro ao Norte, pelo Mar Mediterrâneo e Chipre ao Sul, e pelo Mar Egeu a Sudoeste.
Apesar de Ancara ser a capital da Turquia, Istambul é a cidade mais populosa e badalada do país. A antiga Constantinopla era a capital do Império Romano do Oriente até a invasão do Império Otomano, no século 16, que dominou o país até ser derrotado na Primeira Guerra Mundial por países aliados que lutaram contra os Impérios Centrais. Em 1923, um grupo de jovens militares liderados por Mustafa Kemal organizou uma resistência contra os Aliados, estabelecendo o que até os dias de hoje é a Moderna República da Turquia e que teve Kemal Ataturk como seu primeiro presidente.
A língua oficial é o turco, mas o inglês e o espanhol são idiomas de possível compreensão em grande parte do país. A incontestável tradição comercial e a aptidão natural dos turcos para os negócios facilitam a comunicação básica em outros idiomas, até mesmo o português. Não é incomum ouvir um simpático “bom dia, feliz dia” de comerciantes turcos aos turistas transeuntes, tentando cativá-los para oferecerem seus artesanatos, delícias gastronômicas, roupas e toda espécie de souvenirs históricos ou religiosos. Isso passou a acontecer a partir de 2010, quando houve um aumento de turistas brasileiros no país.
Mas, ainda que seja um país com forte atividade turística e uma grande disponibilidade do povo para a comunicação oral, a maioria das placas de sinalização e identificação de ruas, cidades e estradas está em turco, o que faz com que os turistas que não dominam o idioma sintam-se perdidos em muitas ocasiões. Por isso, é altamente recomendável que as visitas ao país sejam feitas com guias turísticos. Além do auxílio na comunicação, esses profissionais são uma fonte inesgotável de informações históricas, geográficas e socioculturais que agregam muito valor à viagem e transformam a percepção sobre o lugar em uma experiência rica e encantadora.
Apesar de contar com pequenos grupos de cristãos e judeus, a religião oficial da Turquia é o islamismo, muito presente nos costumes sociais e culturais da população, desde a vestimenta até a prática de rituais, como os momentos de oração cinco vezes ao dia, anunciados pelo canto emanado das mesquitas em todas as partes do país. Ao contrário do que se pode pensar, a tradição islâmica convive harmoniosamente com outras religiões, desde que seus rituais sejam respeitados. As tradições e dogmas muçulmanos são conservadores, e certos comportamentos mais liberais e até comuns a outras culturas não são bem vistos pelos turcos. Isso reforça a importância de contar com o trabalho de guias turísticos, que orientam sobre o que fazer e o que não fazer em cada lugar para não passar por constrangimentos desnecessários.
Turistas podem se vestir normalmente, de acordo com os costumes de cada um, mas as mulheres precisam cobrir a cabeça com lenços ou pashminas – acessório típico da região – ao visitarem algumas mesquitas ou lugares sagrados, ainda que usem calças e tenham cabelos curtos, o que não é comum entre as islâmicas, mas bem aceito para turistas. Na maioria desses locais, é necessário retirar os sapatos.
O clima quente e seco no verão eleva a temperatura acima dos 30ºC, e o inverno é frio e úmido. Por isso, as meias-estações são as mais propícias para visitar o país. A primavera acontece de abril a maio, e o outono de setembro a outubro.
Onde visitar
Atualmente, a primeira grande vantagem para os turistas brasileiros na Turquia é o câmbio da moeda. Um real vale cerca de cinco liras turcas, e US$ 1,00 equivale, aproximadamente, a 26 liras turcas. Desta forma, o ideal é comprar dólares no Brasil e trocar por liras na Turquia.
Conhecer toda a Turquia em uma única viagem só é possível se houver uma disponibilidade maior de tempo. Com uma extensão territorial de mais de 783 mil metros quadrados, a Turquia é composta por paisagens de deserto, mar e montanhas com cenários surpreendentes e incomuns que vão desde formações rochosas oriundas de lavas vulcânicas, como na região da Capadócia, às paisagens com campos de oliveiras e criações de ovelhas, que remontam aos tempos bíblicos, e construções ou ruínas que revelam diversos períodos históricos do país.
A empresária Cristina Courty, especializada em destinos turísticos do Oriente Médio, reforça a importância de planejar a viagem antecipadamente, definindo os lugares a serem visitados no país e traçando um roteiro de forma a otimizar o tempo, encurtar distâncias e economizar dinheiro, aproveitando ao máximo o que a Turquia tem a oferecer. “Eu costumo ressaltar as curiosidades sobre o país para mostrar como vale a pena conhecer a Turquia. Entendo que o turista que escolhe esse destino normalmente já viajou por diversos países da Europa e Estados Unidos, e quer conhecer algo diferente. E é exatamente isso que a Turquia oferece”, afirma Cristina.
Ela observa também que o sucesso das séries e novelas turcas tem se destacado como outro forte motivo que leva muitas pessoas a desejarem conhecer a Turquia. Cristina destaca algumas regiões e pontos turísticos que valem a pena ser visitados no país:
Istambul – a megalópole é a única cidade do mundo localizada entre dois continentes (Ásia e Europa) separados pelo Canal do Bósforo, um estreito que liga o Mar Negro ao Mar de Mármora e que divide a cidade entre as partes oriental e ocidental.
Canal do Bósforo – com cerca de 30 km de extensão e 500 m a 3 km de largura, o passeio de barco pelo canal é uma das atrações imperdíveis. Durante o caminho, é possível avistar construções de mansões, hotéis e edificações luxuosas. O sobrevoo das milhares de gaivotas sobre as embarcações é um espetáculo à parte. Normalmente, o passeio inclui paradas em restaurantes onde vale a pena experimentar receitas típicas com peixes e frutos do mar. Cristina indica que mesmo que o clima esteja quente, é recomendável levar um agasalho porque o vento forte durante o trajeto faz cair bastante a sensação térmica.
Grand Bazaar – com mais de 60 ruas e cerca de cinco mil lojas, este é um dos maiores e mais antigos mercados cobertos do mundo. Com uma variedade enorme de produtos de artesanato, roupas, acessórios, gastronomia, decoração, souvenirs, itens típicos de diversas regiões do país, entre outros itens mais diversos, é praticamente impossível não encontrar algo que se procure nesse mercado, que conta ainda com cafés, restaurantes, mesquitas e uma delegacia.
Bazar de Especiarias – uma grande exposição de cores, aromas e sabores define esse mercado, que reúne uma infinita variedade de temperos, chás, laticínios, embutidos, frutas secas, saborosos doces turcos, além de louças e souvenirs típicos. É bem menor que o Grand Bazaar, mas muitos turistas o consideram mais interessante e atrativo do que o famoso maior mercado da cidade.
Mesquita Azul – construída entre 1609 e 1616, essa suntuosa mesquita de origem otomana foi erguida na mesma área que antes era ocupada pelo Grande Palácio de Constantinopla, residência dos Impérios Bizantinos, entre os anos 330 e 1081. A construção com mais de 40 metros de altura fica em frente à Basílica Santa Sofia, separada por um grande jardim na Praça Sultanahmet. Leva esse nome por ser revestida de azulejos e vitrais em tons de azul. O interior da mesquita é de uma beleza deslumbrante. O piso é coberto com tapeçaria turca plastificada, para sua preservação. Na entrada, os visitantes recebem sacolas para guardar os sapatos, pois é proibido entrar calçado. Também não é recomendável o uso de bermudas, minisaias, camisetas ou vestidos sem manga, e as mulheres devem cobrir a cabeça com lenços ou pashminas.
Basílica Santa Sofia – construída entre os anos 532 e 537, esta imponente edificação foi a catedral de Constantinopla durante o Império Bizantino e foi convertida à catedral católica romana entre 1204 e 1261. No período de 1453 a 1931, foi utilizada como mesquita durante o Império Otomano. Essas passagens históricas, que determinaram as diferentes identidades religiosas da basílica, estão impressas em imagens e inscrições nas portas e paredes, onde é possível ver figuras islâmicas e cristãs, assim como um altar católico centralizado e um altar islâmico voltado para Meca, que registram a riqueza cultural da Turquia.
Cisterna da Basílica – localizada do outro lado da rua, ao lado da Basílica de Santa Sofia, essa espetacular cisterna permaneceu oculta até 1545, quando foi encontrada pelo pesquisador francês Petrus Gyllius, que visitava Istambul em busca de relíquias do Império Bizantino e percebeu que alguns moradores tinham acesso à água por buracos no piso de seus porões. A Cisterna da Basílica é uma estrutura subterrânea com 143 metros de comprimento e 65 metros de largura, cuja estrutura é sustentada por mais de 300 colunas de mármore. Sobre a água, os visitantes caminham em passarelas de madeira em um cenário em que a iluminação, feita por spots de luz na base das colunas, rente à água, confere um clima de mistério ao lugar, que já serviu de cenário para filmes e até para a abertura da novela brasileira “Salve Jorge”.
Palácio de Topkapi – construído por Maomé II em 1453, logo após os otomanos conquistarem Constantinopla, o palácio se tornou a residência dos sultões otomanos durante quatro séculos. Atualmente, é um museu com diversas salas de exposição em que é possível ver joias, móveis, objetos religiosos, peças em cerâmica, roupas e uma grande variedade de peças sagradas para os muçulmanos, como os pelos da barba e as marcas dos pés do profeta Maomé.
Capadócia – essa região semiárida, localizada na Anatólia Central, exala beleza, encanto e certa magia. As cidades de Göreme, Uchisar e Urgrup são as principais da região, com vales, montanhas e formações rochosas inusitadas, como as “Chaminés de Fadas”, no Vale dos Monges, em Göreme. As formações rochosas de tufo de calcário, oriundas de lavas de erupções vulcânicas há mais de 50 milhões de anos, serviram como moradia por trogloditas na Idade do Bronze, que ali esculpiam suas casas devido às características porosas das pedras. Atualmente, não é mais permitido morar nessas residências, mas algumas são abertas à visitação e contam com decoração típica. Conhecer o vale a bordo de um balão é uma experiência única. As decolagens são feitas nas primeiras horas da manhã, proporcionando aos turistas apreciar o espetáculo do nascer do sol a centenas de metros do chão. Quando passam à baixa altura, é possível ver de perto as “Chaminés de Fadas” e as entradas das casas esculpidas nas rochas.
Na região, também é possível conhecer o meticuloso trabalho das artesãs que tecem os maravilhosos tapetes turcos, alguns com linhas de seda retiradas dos casulos do bicho-da-seda, cultivados nas tapeçarias. Restaurantes em cavernas, feiras de artesanato, lojas de joias e lugares sagrados, como o Museu a Céu Aberto do Göreme, estão entre outras atrações da Capadócia. Esse museu tem cinco igrejas esculpidas nas rochas, inclusive a pequena Igreja de São Jorge, que foi um soldado guerreiro nascido naquela região e que é tão cultuado no Brasil. Algumas cidades subterrâneas, construídas por cristãos na época da invasão otomana, também podem ser visitadas e impressionam por sua estrutura e engenharia, com buracos estratégicos para a circulação do ar, cocheiras para abrigar os cavalos e igrejas ocultas por grandes pedras circulares, onde os moradores podiam professar sua fé sem o risco de serem mortos por isso.
Éfeso – a antiga cidade, citada em passagens bíblicas como um dos lugares onde o Apóstolo Paulo pregou para os efésios, é uma viagem ao tempo do Império Romano, quando era o principal centro comercial da época devido ao porto. A parte antiga é um grande museu a céu aberto, que possibilita ver ruínas de construções suntuosas que contam parte importante da história política e religiosa do lugar, como a Biblioteca de Constantino e o Coliseu.
A Casa de Maria, onde a mãe de Jesus Cristo teria morado em seus últimos dias de vida, é outro ponto turístico de grande visitação na região de Éfeso, não apenas por católicos e cristãos. A pequena construção em pedra teve sua estrutura restaurada após suas ruínas serem encontradas. Na parte de dentro, uma imagem da Virgem Maria, protegida por um vidro blindado, foi reconhecida como sagrada pelo Vaticano. A imagem teve as mãos cortadas na época do Império Otomano. Os visitantes entram em grupos pequenos, podem permanecer por cerca de cinco minutos e saem pelo outro lado. Independentemente da crença espiritual de cada um, o lugar emana uma energia de fé contagiante e é impossível não se emocionar. Na saída, o visitante pode acender velas em locais específicos, anotar pedidos à santa e deixá-los atados a um grande muro.
Pamukkale – a palavra, que em turco significa “Castelo de Algodão”, define perfeitamente o que é essa montanha de calcário situada na região de Denizli, onde a água do degelo forma piscinas naturais em sua encosta, esculpindo um cenário deslumbrante e inusitado. Em algumas épocas do ano, é possível entrar nas águas, mas com cuidado porque o solo de calcário é escorregadio e pegajoso. Na mesma colina, o museu Hierápolis abriga peças e ruínas históricas, onde também é possível nadar na piscina de Cleópatra, e onde foi encontrada a tumba do Apóstolo Felipe.
Oludeniz – os amantes da natureza e dos esportes de aventura podem visitar esta cidade de médio porte próxima a Fethiye, no sul da Turquia, onde há um porto de conexão com a Grécia, com ferry boats para a Ilha de Rhodes. Nas montanhas de Oludeniz, é possível decolar de parapente em voos solo, para quem já pratica o esporte, ou duplos, para turistas que querem apreciar a paisagem do alto. A pequena praia de Oludeniz, protegida por uma grande falésia de pedra, é de água cristalina e tem ao lado a Lagoa Azul, outra maravilha natural.