A aquisição de crédito pode ser uma opção dos profissionais da Odontologia para obter essa reserva. Entenda quando esse pode ser o melhor caminho.
Assim como qualquer empresa de produtos ou serviços, um consultório ou clínica odontológica precisa de planejamento administrativo e financeiro para garantir a manutenção, crescimento e sucesso do negócio. Entre os diversos recursos necessários para uma boa gestão, o capital de giro é um dos mais importantes. Iniciar ou administrar um negócio sem considerar essa reserva é como ter uma bomba-relógio que pode colocar tudo a perder a qualquer momento.
O capital de giro é a diferença entre os ativos circulantes de uma empresa (caixa, contas a receber, estoque etc.) e seus passivos circulantes (contas a pagar, dívidas de curto prazo etc.). É um componente essencial da saúde financeira do negócio, crucial para o sucesso da empresa a longo prazo.
Entre as principais aplicações do capital de giro, pode-se considerar:
• Gestão operacional: pagamento das operações diárias, como compra de materiais, pagamento a fornecedores e cumprimento das obrigações de folha de pagamento.
• Crescimento: Investimento em novos equipamentos, contratação de mais funcionários, expansão dos serviços ofertados ou até entrada em novos mercados.
• Crédito: credores e investidores geralmente analisam o capital de giro de uma empresa para avaliar sua capacidade de pagar empréstimos e determinar a qualidade do investimento.
• Gerenciamento de riscos: garantir a sobrevivência da empresa em momentos de crises econômicas, eventuais interrupções na cadeia de suprimentos e outros eventos inesperados.
O diretor de desenvolvimento de negócios da Gyra+, Fabio Santos, explica que, especificamente no caso da gestão de negócios em Odontologia, a aquisição de crédito para composição de capital de giro pode ser uma boa saída para quem não conta com esse tipo de reserva. No entanto, essa é uma opção menos acessível para quem está começando.
“As empresas de financiamento de crédito costumam ter alguns requisitos mínimos para atender a qualquer empresário do setor de PMEs (pequenas e médias empresas) como um todo. Um deles é a necessidade de que o CNPJ esteja ativo há mais de 24 meses”, aponta.
Fabio Santos explica que essa exigência acontece principalmente como proteção contra fraudes, já que, após esse período, a empresa ultrapassa a barreira dos dois anos de atividade, em que muitas não sobrevivem, principalmente se não tiverem uma boa gestão.
O faturamento mensal e a análise de crédito para verificar se o profissional ou empresa que requer empréstimo para composição de capital de giro tem alguma restrição também são pontos a serem considerados.
O diretor da Gyra+ explica que os créditos para a formação de capital de giro não são concedidos apenas a clínicas ou consultórios estabelecidos. Um cirurgião-dentista que atenda em algum desses espaços, por exemplo, como terceirizado, e que tenha seu CNPJ ativo por um período maior do que dois anos, e decide abrir seu próprio negócio, pode utilizar o recurso de empréstimo para composição do capital de giro. “Muito mais do que o tamanho da empresa, a análise é feita sobre o faturamento e planejamento do negócio para o qual o recurso será destinado”, afirma.
Ele aponta que empresários que já contam com o suporte de consultorias em gestão de negócios ou utilizam ferramentas como sistemas de planejamento de recursos, que permitem controle sobre a administração operacional e financeira, também são considerados mais aptos à aquisição de créditos.
A Gyra+ tem uma parceria com a Dental Office, plataforma de gestão para Odontologia em que, com autorização dos clientes, compartilha dados da gestão financeira das clínicas e consultórios com a empresa de Fabio Santos, de forma a auxiliar no planejamento de créditos.
“Sempre perguntamos a todos os empreendedores que atendemos qual é o motivo da solicitação de crédito. Isso é feito depois da etapa de análise prévia sobre o score de adimplência da clínica ou do cirurgião-dentista.
Dessa forma, podemos orientar melhor não apenas sobre os valores mais indicados, como também calcular parcelas que caibam no fluxo financeiro dos clientes”, detalha.
Essa análise é baseada nos dados de faturamento e fluxo de caixa. Por isso, é importante que já haja um planejamento de gestão atuante. As taxas de juros e formas de pagamento são também calculadas sob a análise de risco.
Fabio Santos sinaliza também que nem sempre o crédito financeiro é a melhor opção para colocar a gestão das empresas em dia. “O que recomendamos é que os empreendedores não devem esperar que a saúde financeira da empresa esteja beirando o caos para optarem pelo crédito para formação do capital de giro. Uma empresa administrativamente organizada tem muito mais possibilidades de negociação e de opções de crédito à sua disposição”, diz.
O crédito para formação ou aumento de capital de giro não é um empréstimo para sanar dívidas, segundo o diretor. Trata-se de um recurso para auxiliar empresas que já têm uma gestão controlada e que planejam ampliar ou apenas garantir maior segurança ao seu negócio.
Entre os principais motivos para tomada de crédito de seus clientes, Fabio Santos menciona a reforma e a ampliação de clínicas, estoque, aquisição de equipamentos, mobiliário e investimento em tecnologia.
“A Odontologia é uma área que tem evoluído muito tecnologicamente, exigindo um investimento muito alto dos profissionais que desejam manter um serviço de ponta para atender a seus pacientes. Muitas vezes, por mais que esses profissionais até contem com um capital de giro para a gestão financeira dos seus negócios, este não é suficiente para aquisições de equipamentos e recursos de alto custo”, analisa.
Os empréstimos para capital de giro podem ser realizados por meio dos bancos ou das fintechs, que são instituições financeiras digitais. Normalmente, os créditos solicitados aos bancos exigem garantias como imóveis ou bens de alto valor, como veículos, entre outros. As fintechs costumam oferecer créditos sem necessidade de garantia, justamente por poderem acompanhar o desempenho financeiro e administrativo dos clientes através do compartilhamento de informações por sistemas e aplicativos de gestão.
A dica dos especialistas aos cirurgiões-dentistas que estão iniciando suas carreiras – ou não se enquadram no perfil exigido para a tomada de créditos para a formação de capital de giro – é que façam uma gestão de seus negócios de forma a separar uma reserva para a formação desse capital, procurando exercer uma boa gestão financeira e administrativa para que, no futuro, estejam aptos a utilizar a solicitação de créditos para investimentos maiores em suas empresas.
Como todos os tipos de operação financeira, a tomada de crédito tem prós e contras. Antes de optar por essa alternativa para organizar o capital de giro de um negócio, o empresário deve analisar todos os pontos.
As vantagens desse recurso consideram:
• Aumento da liquidez: um empréstimo pode fornecer a uma empresa os fundos necessários para aumentar sua liquidez e cumprir suas obrigações de curto prazo. Isso pode ajudar a evitar problemas de fluxo de caixa e manter uma posição saudável de capital de giro.
• Oportunidade de crescimento: um empréstimo também pode fornecer à empresa os recursos necessários para investir em oportunidades de crescimento, como expansão de áreas de atendimento, com investimento em tecnologia ou entrada em novos mercados.
• Avaliação de crédito melhorada: o pagamento pontual de empréstimos pode melhorar a classificação de crédito de uma empresa, tornando mais fácil e barato obter financiamento no futuro.
Os riscos ou desvantagens podem ser:
• Juros e taxas: os empréstimos vêm com juros e taxas, que podem aumentar o custo geral desses créditos e reduzir a lucratividade da empresa.
• Risco de inadimplência: se a empresa não conseguir pagar o empréstimo, isso pode afetar negativamente sua classificação de crédito e dificultar a obtenção de financiamento no futuro. Também pode levar a ações legais e possível falência.
• Aumento da carga de dívida: assumir muitas dívidas pode levar a uma pesada carga de débitos, o que pode limitar a flexibilidade financeira da empresa e a capacidade de buscar oportunidades de crescimento.
Resumidamente, tomar créditos pode melhorar o capital de giro e fornecer às empresas maior liquidez e oportunidades de crescimento, mas também traz o risco de inadimplência e aumento do endividamento. As empresas devem pesar cuidadosamente as vantagens e desvantagens de assumir dívidas e garantir que tenham um plano de pagamento sólido antes de contrair empréstimos.